Falta de peças e componentes atrasa produção de máquinas agrícolas no Brasil
Combinação entre alta demanda e escassez de suprimentos faz com que indústrias não consigam atender novos pedidos no primeiro trimestre
A alta demanda e os problemas na cadeia de suprimentos dos fornecedores têm impactado neste começo de 2021 o setor de máquinas agrícolas no país, que praticamente só está aceitando novos pedidos para entregas a partir de abril.
Segundo Pedro Estevão Bastos, presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), as linhas de produção das indústrias não estão paradas, mas faltam peças.
“A carteira de pedidos neste início de ano está bem mais aquecida do que o normal, e as indústrias do setor estão com um prazo de nove semanas para entrega dos equipamentos vendidos.”
Impactadas pela pandemia, muitas usinas paralisaram fornos de produção de aço ou reduziram o ritmo no ano passado, mas a demanda de máquinas aumentou. Mesmo com o cancelamento da maioria das feiras agropecuárias em 2020, o setor fechou o ano com aumento de 7,3% nas vendas de máquinas em relação a 2019, mas a produção recuou 31,6%.
O problema, diz o dirigente da Abimaq, é maior para as indústrias que compram aço de distribuidores e não diretamente das usinas. “Fizemos reuniões com as usinas, que se comprometeram a normalizar o fornecimento da matéria-prima neste primeiro trimestre. Lembrando que a produção já está maior do que no ano passado.”
Fernando Gonçalves, presidente da Jacto, afirma que a cadeia de suprimentos, especialmente a do aço, bastante impactada em todo o mundo pelas paralisações provocadas pela pandemia, ainda permanece estressada.
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Atualmente, a Jacto, líder no mercado de pulverizadores, não tem máquinas para pronta entrega. “Vamos ter uma certa dificuldade para atender pedidos neste primeiro trimestre. Chegaram a sugerir que a gente vendesse os equipamentos que cedemos para a pulverização na região”, diz Gonçalves.
Thiago Wrubleski, diretor de Portfólio de Produto e Commercial Services da CNH Industrial (que reúne as marcas Case IH e New Holland), diz que a questão do “supply chain” (cadeia de suprimentos) é o grande desafio do setor no primeiro semestre do ano.
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“Temos sofrido não só com as cadeias de suprimentos asiáticas e a escassez de fretes internacionais, mas também com os fornecedores locais, que têm grande receio em investir porque estão calejados pelo passado. Estamos dando a eles a garantia de volumes para que invistam em maquinários e pessoas para a produção”, destaca.
Sem revelar números, o diretor diz que os níveis de inventário das indústrias do grupo CNH Industrial estão bem abaixo do esperado. “Está faltando aço, plásticos, polímeros e pneus. Estamos 100% cobertos de pedidos para o primeiro trimestre. Qualquer novo pedido só a partir de abril.”
Fonte: https://revistagloborural.globo.com/Noticias/Economia/noticia/2021/01/falta-de-pecas-e-componentes-atrasa-producao-de-maquinas-agricolas-no-brasil.html
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